A epilepsia, em suas inúmeras formas, tem sido estudada em diversos Centros mundiais, onde diversos profissionais se esforçam para encontrar uma solução para este problema tão comum e no muitas das vezes limitante. Mesmo assim, uma grande parcela dos pacientes permanece refratária, ou seja, sem controle adequado das crises.
Em casos selecionados, quando o tratamento medicamentoso não consegue ser eficaz, algumas técnicas neurocirúrgicas podem ser necessárias. Provavelmente a mais comum das doenças que necessitam de cirurgia seria nos casos de Esclerose Mesial Temporal, quando se faz a ressecção operatória de determinada região do lobo temporal (conhecida como amigdala e hipocampo). A radiocirurgia, neste sentido, seria uma forma não invasiva de “desativar” esta área cujo funcionamento esteja alterado.
O conceito do uso de radiocirurgia em diversas formas de epilepsia surgiu com os primeiros casos de pacientes com malformações arteriovenosas que apresentavam crises convulsivas. O que se notou é que o tratamento com Gamma Knife diminuia significativamente a ocorrência de crises epilépticas antes mesmo do fechamento ou oclusão da malformação.
E, de fato, os estudos tem demonstrado que a radiação promove alterações vasculares e neuronais locais que, em última análise, poderiam beneficiar quando focado nos locais geradores de crises.
A principal forma de epilepsia tratada com Gamma Knife então seria exatamente os pacientes com esclerose medial temporal. Estudos de diversos centros mundiais (Barbaro et al, 2009) tem demonstrado que num seguimento de longo prazo, 67% dos pacientes estavam sem qualquer crise e, quando a dose era aumentada, este valor atingia 76,9% de controle. De fato, este e outros autores mostram que os efeitos da Gamma Knife são melhores no longo prazo (podem levar um ano para iniciarem a obter efeito).
Outra doença que cursa com epilepsia e que é passível de tratamento com a Gamma Knife são os hamartomas hipotalâmicos, que são lesões congênitas raras e que acometem geralmente crianças e adolescentes jovens. Nesta situação, o sintoma principal é o aparecimento de crises gelásticas (crises de riso), podendo haver puberdade precoce e atraso no desenvolvimento. A Gamma Knife, as vezes associada ao tratamento cirúrgico, pode ser de grande ajuda em casos selecionados.