A radiobiologia é o ramo da biologia que estuda os efeitos das radiações ionizantes (RI) sobre células e tecidos vivos. Desde a descoberta da radiação, os cientistas perceberam seu poder de alterar o ambiente celular de humanos e animais, o que abriu portas tanto para sua utilização terapêutica quanto para os seus riscos, quando mal administrada.
Quando a Radiação Ionizante entra em contato com um material, ela transfere energia aos átomos e moléculas, podendo quebrar as ligações químicas dessas moléculas e gerar íons. Dentro das células, se a radiação danificar a molécula de DNA, a célula pode morrer ou, em alguns casos, tentar se reparar e continuar funcionando. Esse é o princípio fundamental de tratamentos que utilizam radiação, como a radioterapia e a radiocirurgia.
Como a radioterapia atua no tratamento de tumores?
A principal intenção de um tratamento com radiação ionizante é danificar as células tumorais de forma controlada, enquanto protege os tecidos saudáveis ao redor. A ideia é aplicar a radiação de maneira que o tumor diminua, pare de crescer, ou desapareça, sem causar danos excessivos ao tecido saudável adjacente.
Na radiocirurgia Gamma Knife, o tratamento é feito em uma única sessão, com alta precisão e alta concentração da radiação diretamente na lesão ou tumor. A precisão do feixe de radiação, com precisão inferior a 0,15 mm, permite que doses muito altas sejam entregues de forma eficaz ao tumor, sem comprometer áreas saudáveis do cérebro. A acurácia e a concentração da radiação são fundamentais para garantir um efeito radiobiológico eficaz.
Lesões malignas e benignas: tratamentos diferenciados
- Lesões malignas: O objetivo é interromper o crescimento tumoral ou até mesmo diminuir ou eliminar o tumor. Para isso, são necessárias doses mais altas de radiação.
- Lesões benignas: Embora o objetivo também seja a interrupção do crescimento, é preciso um cuidado maior com os tecidos saudáveis ao redor, o que restringe a quantidade de radiação que pode ser aplicada. No entanto, com o Gamma Knife, a radiação é entregue de forma tão concentrada e precisa que a dose necessária pode ser aplicada sem afetar áreas saudáveis.
A diferença entre radioterapia convencional e radiocirurgia
Na radioterapia convencional, a radiação é distribuída de forma mais ampla, tratando volumes grandes de tecido, o que exige doses menores para evitar danos aos tecidos saudáveis. Isso pode ser eficaz para certos tipos de tumores, mas limita a dose de radiação que pode ser aplicada ao tumor.
Já na radiocirurgia Gamma Knife, a alta precisão permite que doses mais altas sejam entregues diretamente ao tumor, minimizando os danos aos tecidos ao redor. Isso transforma tumores anteriormente considerados radioresistentes — como meningiomas, schwannomas, melanomas, sarcomas — em alvos possíveis de tratamento eficaz, com alta taxa de resposta positiva ao procedimento.
O volume-alvo: um fator decisivo no tratamento
O tamanho do volume-alvo é um fator determinante no sucesso do tratamento. À medida que o volume do tumor aumenta, mais tecido saudável ao redor é exposto à radiação, o que pode limitar o tratamento. Para a radiocirurgia Gamma Knife, o limite recomendado para o tratamento de lesões é de 35 mm no maior diâmetro.